02 fevereiro 2007

10º ano - Textos dos Media

Exemplo de um artigo de apreciação crítica

Digamos que música é «fogo que arde sem se ver», ou seja, música é o que nos cativa, o que nos queima o espírito, o que nos recheia o silêncio, mas que no fim não se vê, não é material palpável que possamos meter no bolso. A música é produzida através do agrado do compositor e, numa fase posterior, terá como objectivo aliciar, sobretudo o público crítico.
‘Fácil de entender’, na minha perspectiva pessoal, tem uma melodia bastante acessível a ouvidos sensíveis e tranquilos, uma música que certamente marcará a carreira dos The Gift pela sua particularidade. O piano é a característica que mais a influencia. A leveza deste instrumento, no iniciar da música, abre as portas do espírito que se vai mantendo ao longo da composição. A sumptuosa voz de Sónia Tavares – grave e forte - é realçada, pois este tema tem apenas o piano como fundo, avivando assim a voz da vocalista. Garantidamente, a magnífica letra faz as restantes delícias. A composição desta é um misturar de sentimentos – o amor, como causa, a dúvida e a ilusão, como fim – fluindo numa única esfera isolada das outras esferas que nos vão compondo – a partida, o adeus.
Posso realçar a mudança da voz da vocalista como uma má escolha, visto que a melodia manteve um único processo, num tom de voz grave, que no fim foi substituída pela rouquidão de Sónia. Nos últimos versos, as palavras eram cantadas num tom muito diminuído, como se tratasse de um sussurro; não foi uma escolha muito feliz, pois a vocalista dos The Gift possui uma característica vocal – o tom grave – e ao cantar baixo, a sua voz assemelha-se a um tom áspero e cavo, o que não favoreceu a finalização da música.
Agradecimentos de alguém que foi amado(a), denota a passagem mais bonita da letra ‘Obrigado por saberes cuidar de mim, / Tratar de mim, olhar para mim, escutar quem sou, / e se ao menos tudo fosse igual a ti’; a beleza de cada letra de cada música que os The Gift nos foram sempre acostumando ao longo dos tempos.

Ana Manuelito Santos
2 Novembro, 2006