29 maio 2007

Pedagogia do erro?

Artigo publicado, hoje, no Diário de Notícias:
http://dn.sapo.pt/2007/05/29/sociedade/erros_ortografia_contam_para_avaliac.html

Erros de ortografia não contam para avaliação (Ângela Marques)

"Valeu tudo: tratar um sujeito como predicado, usar um "ç" em vez de dois "s", inventar palavras. O Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) do Ministério da Educação deu ordens para que nas primeiras partes das provas de aferição de Língua Portuguesa do 4.º e 6.º anos, os erros de construção gráfica, grafia ou de uso de convenções gráficas não fossem considerados. E valeu tudo menos saber escrever em português. Isso não deu pontos.Os exemplos não faltam. As explicações também não, apesar de nenhuma chegar do ministério. "Pensamos que a ideia do GAVE é que se avalie as competências de leitura e as competências de escrita em separado - e que, na primeira parte, de análise do texto, se avalie apenas se os alunos o compreenderam", diz Paulo Feytor Pinto, da Associação de Professores de Português."Mas estranhamos todos que seja assim", acrescenta. É que "às tantas não sabemos se o aluno de facto compreendeu o texto mas não se sabe exprimir, ou se se sabe exprimir mas não compreendeu o texto" (...) Faz sentido? "Faz, percebemos a intenção de avaliar as competências separadamente, mas sentimo-nos traídos." Porquê? "Passamos um ano a exigir ao alunos respostas completas, bem construídas e sem erros e depois chegamos ao exame e acontece isto." (...) Escolha múltipla é solução. Este sistema de avaliação não deverá ser o sistema "ideal" de avaliação, diz Paulo Feytor Pinto. Para a Associação de Professores de Português, a solução para este problema chama-se "escolha múltipla". Com ela, "são avaliadas só as competências de leitura e não também as de escrita". Para o professor, "mecanismos que permitam distinguir as capacidades de leitura e de escrita são os ideais". "